Há quase uma década, Cláudio Paschoal mergulha na pintura como uma expressão profunda de seu universo interior. No entanto, foi em 2020, em plena pandemia, que o artista deu o grande salto para o profissionalismo. Ao montar seu primeiro ateliê numa pequena sala emprestada, Paschoal iniciou uma jornada de autodescoberta e evolução artística, desenvolvendo seu estilo através do realismo e tocando, cada vez mais, nas sutilezas do espiritual.
Seja em auto-retratos, em cenas religiosas ou no cotidiano que o comove, Cláudio traduz nas telas aquilo que mais o toca. Cada obra é fruto de uma sensibilidade intensa, que, segundo ele, "resgata a essência de um Cláudio que desde criança costumava brincar livremente com o desenho". A conexão com sua infância, somada a um movimento espiritual constante, faz de suas criações uma ponte entre o tangível e o transcendental.
Com o passar dos anos, sua técnica foi se aprimorando, e o que antes se limitava ao realismo foi ganhando nuances mais expressivas e sensoriais. Suas pinturas começaram a flertar com o abstracionismo, mas sem abandonar o figurativo que o acompanha desde o início. Em suas palavras, "busco algo mais expressivo e sensorial, menos óbvio, mas ainda conectado ao real". Essa mistura entre o concreto e o abstrato é o que dá vida às suas obras, como uma natureza morta recente, na qual as cores das folhagens e o fundo foram adaptados conforme seu estado emocional durante o processo.
Mas o toque espiritual é o que verdadeiramente define o trabalho de Cláudio Paschoal. Em suas telas, existe uma busca constante pela beleza e pelo mistério oculto nas pequenas coisas do cotidiano. Um exemplo impressionante é sua pintura de dois metros de largura sobre a entrada de Jesus no deserto, onde ele escolheu retratar o semiárido baiano, uma paisagem familiar de viagens antigas, mas impregnada de significados transcendentais.
"Acredito que a arte, para mim, é mais do que uma representação da realidade. É uma maneira de expor a beleza e o mistério espirituais que se escondem nas coisas mais banais da vida", reflete o artista. Seu trabalho é uma meditação visual, convidando o espectador a olhar para além do óbvio, para encontrar a profundidade nas texturas e nas cores que vibram de acordo com o seu estado de espírito.
Agora, em um ano inteiramente dedicado à arte, Cláudio Paschoal continua a evoluir e explorar novas formas de traduzir suas experiências, emoções e espiritualidade nas telas. Sua jornada é uma prova de que a pintura pode ser muito mais do que um ofício — pode ser um caminho de autoconhecimento e uma busca incessante por conexão com o que há de mais profundo na alma humana.
A obra de Cláudio é, acima de tudo, um convite à introspecção. Ao contemplar suas criações, o público é desafiado a encontrar nas paisagens, rostos e cenas retratadas, um pedaço de si mesmo e uma porção do mistério que envolve a vida cotidiana.
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