Neste 10 de outubro, Dia Mundial da Saúde Mental, somos convidados a refletir sobre um tema que vai muito além dos transtornos psiquiátricos: a dor de existir em um corpo que sofre todos os dias.
A saúde mental não é apenas um conceito médico. É um território humano, onde se entrelaçam emoções, hábitos, relações e também — muitas vezes — a dor física persistente.
Quando a dor física se torna também uma dor da alma
Quem convive com dor crônica sabe: ela não atinge apenas músculos, articulações ou nervos. Ela invade o sono, o apetite, a motivação e o sentido da vida.
Estudos mostram que mais de 60% dos pacientes com dor crônica apresentam sintomas de ansiedade e depressão, e o inverso também é verdadeiro — doenças emocionais aumentam a percepção da dor.
A cada consulta, percebo que o sofrimento desses pacientes vai além do diagnóstico. Há histórias de cansaço, de isolamento, de perda de identidade. O corpo fala o que a mente tenta silenciar.
A saúde mental como pilar do tratamento da dor
Tratar a dor crônica é cuidar também da mente.
Na prática clínica, vemos que o paciente só melhora de forma consistente quando o tratamento integra corpo e emoção: psicoterapia, técnicas de relaxamento, respiração, neuromodulação e reeducação do sono têm impacto direto no alívio da dor.
Não é possível separar cérebro e corpo. O sofrimento emocional amplifica a dor, e a dor contínua alimenta o sofrimento emocional — um ciclo que só se rompe com um olhar integrativo.
Como lembra a psicóloga Dra. Érica Santana (CRP 13/11071):
“Saúde não é apenas ausência de doença. É um estado de bem-estar em que cada pessoa reconhece suas habilidades, lida com os estresses do dia a dia, trabalha de forma produtiva e contribui com sua comunidade. Ou seja, saúde mental não é algo fixo, mas um caminho contínuo, construído diariamente de forma única por cada pessoa.”
Ela reforça que falar sobre saúde mental ainda é um desafio, mas a ciência tem avançado na compreensão do ser humano como um todo — alguém que precisa de escuta, de vínculos, de propósito e de descanso.
O sono, por exemplo, é um marcador importante: insônia e dor caminham juntas, e noites mal dormidas aumentam em até 30% o risco de distúrbios emocionais, segundo a OMS.
Cuidar da mente é também prevenir a dor
A promoção da saúde mental é um ato preventivo.
Dormir bem, praticar atividade física, ter conexões sociais significativas, expressar emoções e buscar apoio profissional são atitudes simples, mas transformadoras.
Para muitos pacientes, o início do tratamento da dor é justamente o momento em que reencontram o desejo de viver — quando percebem que o alívio não está apenas nos remédios, mas em reconfigurar a relação com o próprio corpo e com o mundo.
Um convite ao cuidado integral
Neste Dia Mundial da Saúde Mental, fica o convite:
Pare. Respire. Observe seu corpo e suas emoções.
Procure ajuda, converse, escute quem está ao seu redor.
Cuidar da mente é cuidar do corpo — e vice-versa.
Como diz a frase que norteia esse dia:
“Não há saúde sem saúde mental.” — Organização Mundial da Saúde
Referências
World Mental Health Report. World Health Organization, 2022.
Perotta et al. Sleepiness, sleep deprivation, quality of life, mental symptoms and perception of academic environment in medical students. BMC Med Educ. 2021;21(1):111.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Geneva: WHO, 2017.



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